A busca pela felicidade é algo inerente ao ser humano e nesse sentido as pessoas perguntam se há uma felicidade possível neste mundo e como conquistá-la. Filósofos, religiosos e pensadores de diversas tradições dividiram-se praticamente em dois grupos para responder a essas perguntas: aqueles que advogam que a felicidade plena não existe e que uma felicidade relativa pode ser construída pelo próprio ser humano e aqueles que a creem como utopia ou uma bem-aventurança possível de ser obtida em outro mundo. Há, contudo, aqueles que acreditam que é possível, no dia a dia, tornar a vida mais produtiva e mais agradável e obter bons níveis de bem estar individual e coletivo.
Felicidade, bem estar, espiritualidade, religiosidade e ciência são termos cujos significados frequentemente têm sido associados entre si. Em nossa cultura ocidental, a felicidade e o bem estar, foram, por muito tempo, matérias de estudo específicas da religião. Assim, felicidade e bem estar eram compreendidas como sendo o fruto da relação do ser humano com seu deus. Contudo, ao tempo do fim da idade média, que deu margem ao renascimento das artes e do pensamento humano autônomo, desenvolveram-se algumas concepções que incluíram ao conceito religioso de felicidade a possibilidade do ser humano, em algum grau, ser feliz mesmo vivendo numa terra de misérias e de contradições marcantes. Após esse período, vários pensadores, do século XVIII, expandiram os ideais humanos renascentistas em direção ao desenvolvimento de uma nova forma de pensar e de ver o mundo.
Essa nova visão, que deflagrou a fase iluminista de conceber a vida, trouxe consigo as marcas da individualidade e da razão humana. Com ela surgiu, então, pela primeira vez, uma crença coletivamente generalizada de que a razão humana, quando liberta de dogmas e de imposições irracionais, sozinha poderia produzir bens suficientes para realizar a felicidade coletiva. A concepção iluminista refletiu profundamente sobre a sociedade e suas instituições da civilização ocidental que, a partir de então, passaram a se organizar em torno do desenvolvimento científico e tecnológico como meio eficaz para solucionar todos os problemas humanos e levar as pessoas à conquista da felicidade. As experiências que se seguiram nos tempos de Revolução Industrial e do Capitalismo, subsequentes ao Iluminismo, deram oportunidade às experiências coletivas que culminaram, entre outros, com a emergência da Psicologia Positiva.
A seguir apresenta-se uma síntese das pesquisas da Psicologia Positiva no que concerne aos fatores e características individuais e sociais que influenciam positivamente os níveis de felicidade.
Quando se pergunta às pessoas se elas são felizes, suas respostas, positivas ou negativas dependem, fundamentalmente, de como elas encaram a vida e daquilo que é importante para elas. A preocupação com o estudo científico da felicidade remonta ao início do século 20 e, sobretudo, após a segunda guerra mundial. A declaração pública da Organização Mundial de Saúde – OMS – de 1948 sobre a saúde dos povos, a partir de uma perspectiva positiva e multifatorial, relacionada a aspectos do bem estar biopsicossocial, consiste de um importante marco, não somente no que diz respeito aos cuidados de saúde, mas também no tocante aos paradigmas orientadores da felicidade humana. Essa declaração afirma:
“Saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social e não somente a ausência de doenças e enfermidades.” (1)
Sob a inspiração desse clamor por saúde e bem estar para todos, e com base em experiências acumuladas pela humanidade ao longo do tempo, surgiu o conceito de Bem Estar Subjetivo para representar os níveis de felicidade. Deste modo, o Bem Estar Subjetivo diz respeito a um campo de pesquisa científico relacionado à compreensão dos processos externos e internos que estão envolvidos na avaliação que as pessoas fazem sobre suas vidas, especialmente, quanto ao grau de felicidade. A compreensão dos níveis de felicidade se dá a partir da auto avaliação que as pessoas fazem de suas emoções e humores positivos tais como alegria, contentamento, ânimo positivo; a partir de emoções e humores negativos tais como irritabilidade e tristeza e a partir da auto avaliação sobre a satisfação geral com a vida e da satisfação quanto às realizações e desempenhos vivenciados nos domínios das condições econômicas, dos relacionamentos, do lazer e do trabalho.
O conceito de Bem Estar Subjetivo resultou da contribuição de vários estudos e tradições. Estudiosos em Saúde Mental, Psicologia Social, Psicologia Cognitivista e Psicologia Humanista. Dessa contribuição de várias áreas do conhecimento resultou em um amplo campo de pesquisa composto por processos complementares de uma variedade de métodos e de tradições teóricas em torno do tema do Bem Estar subjetivo.
Um dos mais importantes eixos de pesquisa do Bem Estar Subjetivo diz respeito ao estudo das causas e dos fatores da vida diária que atuam positivamente e negativamente sobre a felicidade humana. A partir de uma vasta gama de estudos, atualmente, sabe-se que a felicidade é influenciada por variáveis tais como condições sócio demográficas, genética, estado de saúde, pela qualidade das relações sociais, pelo atendimento de necessidades básicas, por recursos subjetivos relativos ao temperamento e personalidade, bem como, relativos ao ajuste e adaptação a eventos da vida, ao alcance de metas, ao trabalho e aos valores e cultura.
Essa nova visão, que deflagrou a fase iluminista de conceber a vida, trouxe consigo as marcas da individualidade e da razão humana. Com ela surgiu, então, pela primeira vez, uma crença coletivamente generalizada de que a razão humana, quando liberta de dogmas e de imposições irracionais, sozinha poderia produzir bens suficientes para realizar a felicidade coletiva. A concepção iluminista refletiu profundamente sobre a sociedade e suas instituições da civilização ocidental que, a partir de então, passaram a se organizar em torno do desenvolvimento científico e tecnológico como meio eficaz para solucionar todos os problemas humanos e levar as pessoas à conquista da felicidade. As experiências que se seguiram nos tempos de Revolução Industrial e do Capitalismo, subsequentes ao Iluminismo, deram oportunidade às experiências coletivas que culminaram, entre outros, com a emergência da Psicologia Positiva.
Os estudos baseados na Psicologia Positiva a respeito das contribuições de vários fatores influência sobre o Bem Estar Subjetivo, em populações distintas, podem orientar decisões e implementações de ações psicoterapêuticas, políticas públicas, políticas organizacionais, educacionais que visem a melhoria da qualidade de vida de indivíduos e coletividade.
Agrupadas em seis virtudes, características como responsabilidade social, altruísmo, civilidade, tolerância e trabalho com ética, postas em prática, promovem uma vida mais produtiva, equilibrada e feliz.
Psicologia Positiva – como o próprio nome diz – é a ciência que estuda o peso dos aspectos positivos da vida humana – como alegria, felicidade, bem-estar e as atitudes de “desabrochar” e “florescer” – no equilíbrio físico e mental. Seu criador, o psicólogo americano Martin Seligman, a define como “o estudo científico do funcionamento humano ideal que visa descobrir e promover os fatores que permitem que indivíduos e comunidades prosperem”.
Cultivando as emoções positivas acredita-se que as pessoas possam conquistar uma vida mais feliz em todos os aspectos. É simples: ao invés de se perguntar “o que está errado com essa pessoa?” ou “o que não funciona”, fazer as perguntas “o que funciona?” ou “o que está certo com essa pessoa?”.
A Psicologia Positiva atua em três diferentes níveis: subjetivo, individual e grupo. O nível subjetivo inclui emoções positivas, bem-estar, satisfação, felicidade e otimismo. Refere-se a sentir-se bem, em vez de fazer o bem ou ser uma pessoa boa.
O nível individual tem por objetivo identificar os constituintes para uma “vida boa” e as qualidades pessoais necessárias para ser uma “boa pessoa”. Estuda as forças e virtudes dos indivíduos, sua capacidade para amar e perdoar, coragem, perseverança, originalidade, sabedoria, sensatez e habilidades interpessoais. Já o nível grupo foca nas virtudes cívicas, responsabilidades sociais, altruísmo, civilidade, tolerância, trabalho com ética, instituições positivas e outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da cidadania e das comunidades.
Para aprimorar e manter saudáveis o relacionamento entre grupos – empresa, família, escola – trabalhar as virtudes cívicas é extremamente importante. A seguir mais detalhes sobre as virtudes:
1) Sabedoria e Conhecimento – São forças que envolvem a aquisição e utilização do conhecimento. Incluem:
Criatividade (Originalidade) – Gostar de ser original e fazer invenções. Gostar de pensar em novas formas de conceituar as coisas.
Curiosidade - Ter interesse em novas experiências e descobertas. Ser um descobridor, estar sempre em busca do novo.
Ter a mente aberta – É ter uma visão imparcial e pensamento crítico a respeito das coisas. Para isto, é necessário examinar todos os ângulos e aceitar diferentes pontos de vista sobre os fatos analisados.
Amor pela aprendizagem – Característica de quem está sempre em busca de novas habilidades, conhecimentos e estudos, seja através do ensino formal ou de maneira pessoal.
Perspectiva e Sabedoria – Ser capaz de prover amplos conselhos e novas visões aos outros. Ter formas de ver o mundo que faça sentido para si e para os outros.
2) Coragem – Força emocional que permite atingir os objetivos em face a obstáculos e oposições internas e externas. Fazem parte desta virtude:
Bravura – Não temer desafios, ameaças, dificuldades ou dor. Agir com convicção mesmo que tenha de tomar uma atitude incomum ou impopular.
Persistência ou Perseverança – Persistir no curso de uma ação ou propósito independente dos obstáculos.
Integridade (Autenticidade, Honestidade) – Mostrar-se de forma genuína, assumindo a responsabilidade pelos próprios atos e sentimentos.
Vitalidade (Entusiasmo) – Viver com entusiasmo e alegria, sentindo-se vivo e ativo.
3) Humanidade – Engloba forças pessoais relativas aos relacionamentos humanos.
Amor - Valorização de relacionamentos próximos, especialmente os que envolvem o cuidar e o afeto recíproco.
Bondade (Generosidade) – Realizar favores e boas ações para as outras pessoas.
Inteligência social (Empatia) – Estar consciente dos motivos e sentimentos de outras pessoas e também aos próprios.
4) Justiça – São as forças e virtudes cívicas que garantem uma vida saudável em comunidade.Cidadania (Responsabilidade Social / Lealdade / Trabalho em Equipe) – Trabalhar como membro de um grupo ou equipe, sendo fiel a ele.Equidade (Igualdade) – Tratar todas as pessoas com igualdade e justiça, não deixando sentimentos pessoais influenciarem em suas decisões sobre os outros.Liderança – Encorajar um grupo do qual se é membro a fazer coisas necessárias, ao mesmo tempo em que mantém boas relações com todos.
5) Temperança – Forças que nos protegem contra o excesso.
Perdão (Misericórdia)– Não carregar mágoas do que os outros nos fizeram, aceitando as limitações dos outros e as próprias. Dar uma segunda chance às pessoas. Não ser vingativo.
Humildade (Modéstia) – Deixar que nossas ações falem por nós mesmos, não acreditando e nem agindo como se fossemos melhor do que os outros.
Prudência – Ser cuidadoso com as escolhas que faz, não assumido riscos desnecessários e nem fazendo coisas das quais possa se arrepender.
Auto-controle– Ser disciplinado, ter o controle sobre o que sente e faz, sobre seus apetites e emoções.
6) Transcendência – São as virtudes pessoais que nos conectam com a amplitude do universo, nos fornecem de sentido na vida.
Apreciação da beleza e valorização da excelência – Apreciar a beleza da natureza, das artes, matemática e da vida, a beleza moral do caráter das pessoas e seus talentos nos vários domínios.
Gratidão – Estar consciente das boas coisas que acontecem na vida. Ter o hábito de agradecer às pessoas e à própria vida.
Esperança (Otimismo) – Esperar o melhor, ter expectativas positivas do futuro e agir neste sentido. Acreditar que você influir no que está por vir e que só depende de você.
Humor e diversão – Gostar de fazer brincadeiras, de rir e se divertir. Fazer as pessoas rirem, perceber o lado engraçado das coisas.
Espiritualidade (Religiosidade, Fé, Propósito na Vida) – Ter pensamentos e crenças coerentes com um propósito de vida. Encontrar um sentido na vida e no universo.
Tendo claros os valores acima citados, é possível trabalhá-los tanto a nível pessoal como dentro das organizações. À medida que as técnicas da Psicologia Positiva são postas em prática, espera-se que a pessoa modifique alguns pensamentos, atitudes, hábitos e, com isso, seja mais produtiva, equilibrada e feliz.
Resiliência é uma das competências mais apreciadas no mercado. E também é um método para promover mudanças positivas em sua empresa e carreira.
Não tem nada a ver com aguentar pressão. O ser Resiliênte é aquele que promove as transformações necessárias para alcançar seus objetivos. Que mantém competência e saúde, mesmo em ambiente de instabilidade e mudança. Que possui firmeza de propósito.
É a competência do momento. Livros, jornais e revistas deixaram um pouco o tema liderança de lado – cá entre nós, já estava ficando cansativo – e passaram a falar de resiliência.
Elástico e silicone. Por incrível que pareça, essas palavras têm tudo a ver com os profissionais. Explica-se: o termo resiliência provém do latim, do verbo resilire, que significa “voltar para trás” ou “voltar ao estado natural”. Historicamente, a noção de resiliência foi primeiramente utilizada pela Física e pela Engenharia, que entendia que a palavra significava “propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformação elástica”.
A explicação é do consultor organizacional Eduardo Carmello, diretor da Entheusiasmos Consultoria em Talentos Humanos e autor do livro “Resiliência – A transformação como ferramenta para construir empresas de valor”, da Editora Gente. Ele conta que o conceito se desenvolveu e, hoje, as empresas enxergam resiliência como algo muito mais amplo.
“As pessoas escutam de seus chefes ou lêem em algum lugar que elas precisam ser resilientes, mas não entendem o que isso significa. Quando procuram no dicionário, encontram a definição que diz que resiliência é o poder de recuperação, a capacidade de suportar pressão. Com isso, elas entendem que precisam ser passivas. Mas resiliência não é isso”, conta.
Afinal, o que é resiliência?
Carmello explica que resiliência é a capacidade de:
- Promover as mudanças necessárias para atingir seus objetivos e os da empresa;
- Manter as competências e habilidades, mesmo diante das adversidades;
- Antecipar crises, prever adversidades e se preparar para elas;
- Ter firmeza de propósito e manter a integridade.
“O profissional resiliente tem três principais características: ele é antenado no mercado e detecta os sinais de oportunidades, frente a mudanças ou adversidades, sem ficar só olhando para o lado ruim da situação; ele consegue entregar o que promete; e ele é capaz de promover mudanças estratégicas e entender seu valor”, afirma Carmello.
Por que as empresas preferem os resilientes?
“A maioria dos profissionais, cerca de 80%, segundo pesquisas, tem suas competências diminuídas frente a um ambiente de tensão ou de mudança”, sublinha o especialista. Para quem não consegue imaginar a dimensão do problema, vale a pena enfatizar os inúmeros riscos aos quais as empresas estão submetidas. Entrada de novos concorrentes no mercado, enfraquecimento do dólar – o que prejudica as exportações -, alta da inflação, saída de funcionários em posições estratégicas, para citar apenas alguns.
Carmello ainda lembra que, no mundo empresarial, a cada dez projetos de mudança, apenas um dá certo. “O resiliente não espera a crise acontecer para fazer algo, ele se antecipa às mudanças, porque está sempre ligado para o que acontece no mercado, fora da empresa. É o que mais se espera dos profissionais hoje. Se você acha que, nos últimos dez anos, muita coisa mudou, é porque não sabe o que irá acontecer nos próximos dez”.
Em outras palavras, espera-se que os profissionais sejam protagonistas e agentes das mudanças no mercado. “Será que, de fato, ninguém esperava a crise no setor imobiliário americano? Será que o dólar mais fraco era imprevisível? Muitos dizem que a crise financeira que atinge os Estados Unidos não chegará ao Brasil, mas não é certeza. A verdade é que o mercado financeiro é muito imaturo. Por conta de especulações, as pessoas entram em pânico e daí surge a crise. Não é alarmismo, mas o resiliente se prepara para a realidade do mercado”.
Como cultivar a resiliência
No livro “Resiliência – A transformação como ferramenta para construir empresas de valor”, o consultor dá algumas dicas de como se tornar um profissional resiliente. Comece se questionando:
- No momento em que o obstáculo apareceu, você caminhava para alcançar o quê?
- Você está alinhado a algum processo ou desafio estratégico?- Você procura olhar para a verdadeira dimensão da realidade, transformando a tensão e o foco de energia não em adversidade, mas em um propósito maior?
- O que você considera como adversidade?- O que você está fazendo com relação às adversidades?
- Que tipo de postura você adota: enfrentar a situação ou se desviar do problema? (seja sincero na resposta)
- O que você pode fazer para promover o crescimento e o fortalecimento da empresa?
Agora, analise a seguinte situação, para avaliar seu nível de resiliência: o gás explodiu e queimou a casa inteira:
Nível 1 de resiliência: recuperando-se de traumas:
- Atitude: Não se antecipou ao acidente nem à conseqüência dele.
- Resposta resiliente: “Eu não consegui, no momento, ativar recursos ou competências necessárias para controlar o acidente, mas saí vivo de lá”.
Nível 2: tornando-se mais flexível, leve e consistente:
- Atitude: Conseguir agir bem diante do grau de exigência da conseqüência, mesmo sem ter se antecipado à situação.
- Resposta resiliente: “Eu consigo agir antes que a conseqüência se torne desastrosa”.
Nível 3: Crescer, mesmo em ambiente de mudança e adversidade:
- Atitude: Necessidade de ampliar recursos para lidar com o alto nível de exigências das conseqüências em razão de não ter se antecipado à situação.
- Resposta resiliente: “Eu consigo construir competência a tempo de minimizar o impacto da conseqüência, ou seja, recorro a amigos, chamo os bombeiros, isolo materiais inflamáveis etc.”
Nível 4: Antecipando acontecimentos e transformando a realidade:
- Atitude: Antecipar-se para que, frente à situação, nada de errado aconteça talvez nem a própria situação venha a acontecer.
- Resposta resiliente: “Eu me antecipo à situação, evitando que ela aconteça e obtendo total controle sobre a situação e/ou a conseqüência dela”.